BUENOS AIRES, 5 de dez de 2005 às 14:21
O diretor do Instituto de Bioética da Universidade Católica Argentina (UCA), Pe. Alberto Bochatey, indicou que a nova lei que estabelece que toda pessoa é doador de órgãos a menos que tenha expressado o contrário, atenta contra a liberdade do indivíduo.O Senado argentino aprovou a reforma da Lei de Amputação e Implante de Órgãos, promovida pelo Executivo, que em seu artigo 19 assinala que "a amputação poderá efetuar-se em toda pessoa capaz maior de 18 anos que não tenha deixado constância expressa de sua oposição a que, depois de sua morte, seja realizada a extração de órgãos ou tecidos".
Em declarações à mídia local, o sacerdote advertiu que esta norma é um "avanço indevido do Estado sobre a liberdade da pessoa" porque é ela, "como ser livre e responsável, (quem) deveria decidir por si mesmo e não que uma lei supusesse sua decisão".
Lembrou que a Igreja promove a solidariedade através da doação de órgãos. Entretanto, assinalou que a figura do doador automático é "eticamente contestável".
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Explicou que o aumento de doadores se obtém através de campanhas que criem consciência, algo que "o Estado não fez". Acrescentou que o Estado "vem agora com esta lei a convalidar a falta de informação".
Do mesmo modo, advertiu que a aplicação desta norma "pode violentar a sensibilidade dos familiares e dos médicos frente a uma situação que suscita questionamentos e temores em muitas pessoas".
Por sua vez, o coordenador do Instituto de Bioética da UCA, Rubén Revello, assinalou que "a doação deveria ser um ato ‘consciente e livre’ e que de maneira nenhuma utilizar a compulsão".